O Núcleo Dança Aberta dedica-se a promover e democratizar a arte da dança com a realização de oficinas, cursos, performances e espetáculos que provoquem descobertas e reflexões a respeito do fazer artístico e de um convívio social mais consciente.

Foi fundado em 2007 por Neca Zarvos, que realiza desde a década de 90 um trabalho de aplicação e difusão do método DanceAbility, incluindo a produção da primeira vinda ao Brasil de seu criador Alito Alessi, em 1997, para a realização de workshops e apresentações de sua companhia Joint Forces Dance Company.

Desde 2008, é formado por Neca Zarvos (Master Teacher em DanceAbility) e Priscila Jorge (Professora Certificada de DanceAbility). Neca (bacharel em Filosofia pela FFLCH USP) e Priscila (bacharel em Artes Cênicas pela UNICAMP) são atrizes, dançarinas, produtoras, diretoras de teatro e professoras de improvisação de movimento.

Neca e Priscila trabalham em parceria há mais de dez anos dirigindo o Núcleo Dança Aberta.
Além de participações em festivais e oficinas curtas em variados lugares, os principais projetos realizados pelo Núcleo Dança Aberta são:

DanceAbility Brasil 2007 (que trouxe novamente Alito para uma série de workshops e palestras, a criação de uma intervenção de dança e a montagem do espetáculo Joy Lab Research);

a realização de cinco edições da Oficina DanceAbility (versão extensiva), em 2008, 2012, 2014, 2017 e 2022;

● o Ciclo de Palestras e Oficinas de Dança para pessoas com e sem deficiência com artistas convidadas, em 2014;

● a Circulação do Núcleo Dança Aberta, levando palestras e oficinas de DanceAbility para dez cidades do Estado de São Paulo, em 2016;

a realização de três edições do Intensivo DanceAbility, em 2018, 2022 e 2023;

● a segunda Circulação do Núcleo Dança Aberta, em 2019, revisitando seis cidades do Estado de São Paulo onde estivemos em 2016, levando oficinas de DanceAbility para dar continuidade ao trabalho iniciado.

Núcleo Dança Aberta e DanceAbility no Brasil

O método DanceAbility no Núcleo Dança Aberta é abordado com ênfase em propiciar encontros entre pessoas que normalmente teriam poucas chances de compartilhar experiências:

Pessoas com e sem deficiências, com diferentes corpos e mentes, idades, formação pessoal, origem social, etc…

Tudo isso entra na alquimia de uma desejada inclusão que não se refere somente à presença de pessoas com deficiência, mas busca o sentido mais original e amplo da palavra.

É no encontro presencial entre pessoas reais que, com auxílio dos instrumentos que o método oferece, busca-se trazer consciência para como nossas ações influenciam nosso entorno.

A aceitação de quem somos, como somos, do que podemos e não podemos fazer, do que queremos ou não fazer, de como podemos fazer coisas que não imaginamos possíveis quando estamos em grupo, e das consequências de nossas ações mais simples e cotidianas, é algo que vivenciamos na prática da improvisação.

E essa experiência pode ser extrapolada para a vida de cada um, e assim para a vida em comum, contribuindo para a desejada transformação de uma sociedade que separa e exclui, para uma sociedade mais saudável e acessível a todos.

No Brasil sabemos que a acessibilidade é uma questão não resolvida e o convívio entre pessoas com e sem deficiência acaba sendo muito raro.

Em nossos projetos, criamos artificialmente uma realidade possível com infraestrutura e logística ideais.

Essa preocupação é um desdobramento do pensamento filosófico do DanceAbility e um ato político do ponto de vista da organização social num país como o nosso, pois carrega em si um discurso de conscientização e formação.

Segundo Alito Alessi, “O problema é o isolamento, não a deficiência”. Ou seja, acessibilidade é a questão.

Consideramos de extrema importância tirar as pessoas com deficiência do contexto das instituições, possibilitando que frequentem espaços da cidade, e tornar os ambientes de práticas artísticas (não só as salas de espetáculo) verdadeiramente acessíveis ou, ao menos, trazer este pensamento para os espaços e seus administradores.

Limitar o trabalho apenas às instituições não resolve o problema do isolamento e segregação entre pessoas com e sem deficiências, e aulas dadas em instituições raramente tem ou transmitem a intenção de serem inclusivas para o público em geral sem deficiências.

Acessibilidade é o que pode acabar com o isolamento, e assim possibilitar uma sociedade não só mais justa, mas mais sã. Nas palavras de Alito Alessi: “É a sociedade que é deficiente, não os indivíduos”.

Se uma sociedade não oferece a possibilidade de todos os seus membros participarem da vida cívica, ela é que não se encontra saudável.

Para nós a prática desta infraestrutura desperta um novo olhar àqueles que a experimentam.

Trata-se de implantar a semente para a construção de um novo modo de se relacionar, um modelo de sociedade possível, mais justa e humana, com oportunidades para todos se expressarem.